quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

CENA DE CINEMA - EPISÓDIO 14

Danny Vinyard

Minha conclusão é que o ódio é um peso. A vida é curta demais para se estar zangado o tempo todo. Não vale a pena. Derek diz que é bom terminar a redação com uma citação. Que alguem já disse melhor, portanto, se não pode superá-lo, use-o e termine com força. Escolhi um cara que acho que vai gostar: "Não somos inimigos, mas amigos. Não devemos ser inimigos. Ainda que a paixão o obrigue, não devemos romper nossa afeição. As cordas místicas da memória reviverão ao serem tocadas, tão certo como serão pelos anjos de nossa natureza."

TONY KAYE - AMERICAN HISTORY X (OUTRA HISTÓRIA AMERICANA) - 1998

Chocante! Esta seria a palavra que bem definiria minha impressão ao assistir este grande filme. Não exatamente a violência física contida em muitas de suas cenas, o que tanto me chocou nesta obra foi a violência moral que toma toda a atmosfera que circunda seu protagonista, um vulcânico Edward Norton a exalar fúria e medo por todos os poros. Renascido como subproduto da degradação dos valores em meio ao triunfo do deus mercado, um terrível espectro ronda novamente o mundo. E não é o espectro do comunismo.

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PEQUENOS NOTÁVEIS - EPISÓDIO 1

E inspirado pela obra de Loach, decidi criar uma nova seção para o blog. Dedicada unicamente aos curtas, inaugura-se com esta pequena jóia de nosso mestre inspirador. Ao seu melhor estilo, lança um olhar profundo e afetivo ao mesmo tempo em que subverte as verdades hegemônicas, lembrando a todos que a história é essencialmente uma questão de ponto de vista. Bush acusou a obra de anti-americana. Ken Loach respondeu não ser a CNN...

CURTA-METRAGEM INTEGRANTE DO FILME "11'09"01"

KEN LOACH - HIDDEN AGENDA (AGENDA SECRETA) - 1990

Explosiva crítica à atuação de Margareth Thatcher em relação ao separatismo irlandês, Ken Loach vem há mais de três décadas desafiando convenções que reservam lugar pouco privilegiado aos artistas que colocam certos dogmas políticos à serviço da arte. Gloriosa exceção à regra, aos 73 anos de vida sua obra ainda pulsa no compasso de seus libertários ideais.

Download (som original, em inglês, sem legendas):

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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

PELAS TRILHAS ONDE ANDEI - EPISÓDIO 12

O desejo de poder como elemento violador da ordem natural do mundo. Presente nas seqüências de abertura e fechamento de O Novo Mundo, o inicio de O Anel do Nibelungo de Wagner evidencia o sentido de paraíso desvirtuado na figura de Pocahontas. Liberdade e aculturação envoltas na fluidez infinita das águas do Reno. Imagem musical da ordem que precede o caos...

TERRENCE MALICK - THE NEW WORLD (O NOVO MUNDO) - 2005

Esqueçam a Disney... O olhar de Terrence Malick sobre o mito de Pocahontas e John Smith transcende em muito suas usuais significações. Cinema de sensações, eleva a natureza profanada à grande protagonista em meio ao mundano embate civilizatório que se trava em seu interior. A tomada de consciência através de um poderoso e inquietante exercício de contemplação...

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PELAS TRILHAS ONDE ANDEI - EPISÓDIO 11

Dentro do modelo consagrado, toda ação dramática desenvolve-se em função de seu clímax, que deve representar a culminância das intenções principais de sua narrativa. Eis aqui o clímax dramático de Curtindo a Vida Adoidado, uma celebração a urgência e inquietude que circunda a existência de qualquer adolescente saudável e normal. Um momento de eternidade para Ferris Bueller...

JOHN HUGHES - FERRIS BUELLER'S DAY OFF (CURTINDO A VIDA ADOIDADO) - 1986

Este é de longe o mais difícil texto a ser escrito por mim em todos estes 11 meses. Tudo o que poderia ser dito sobre este filme já foi dito, pois não se trata de uma obra qualquer. Se as comédias adolescentes representam uma das grandes expressões artísticas da juventude dos anos 80 e 90, Curtindo a Vida Adoidado é a sua máxima manifestação. Título mais que obrigatório para o meu blog...

Download (Com a clássica dublagem para o português. Pois aqui, não caberiam legendas...):

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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

PARA SER GRANDE, SÊ INTEIRO - EPISÓDIO 8

Junto de "Anjos da Noite" e "A Dama do Cine Shangai", "Cidade Oculta" forma a cultuada trilogia paulista da noite, uma tríade de filmes que, apesar de independentes, guardam entre si fortes laços identitários. Impregnados de sobreposições pós-modernas e repletos de signos oriundos da cultura de massa, elegeram o espaço da metrópole de São Paulo como o lugar ideal para a reprodução de suas novas possibilidades estéticas e narrativas, tornando-se ícones de toda uma vanguarda cinematográfica brasileira.

domingo, 27 de dezembro de 2009

CHICO BOTELHO - CIDADE OCULTA - 1986

Deslumbrante exercício estético do cinema nacional, "Cidade Oculta" é, desde sempre, um dos meus filmes brasileiros prediletos. Cidade oculta em concreto e luz néon, a assustadora e fascinante São Paulo, noturna como a essência dos que nela habitam. Uma noite perpétua e opressora a tomar para si a alma de seus malditos anjos caídos, que vagam buscando sobrevivência em meio à sua escuridão de pedra. A metrópole como signo perpétuo do caos moral, pós-moderno e globalizante, subvertora de tudo que é real e humano em dinheiro, a única dimensão da realidade aceita em sua verdade totalitária. Obra-prima do nosso cinema...

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CENA DE CINEMA - EPISÓDIO 13

O EVANDELHO SEGUNDO TYLER DURDEN:

"Você não é o seu trabalho. Você não é o quanto tem no banco. Você não é o conteúdo da sua carteira. Você não é o seu uniforme. Você não é um lindo floco de neve."

"Somente após uma desgraça conseguirá despertar. Somente depois de perder tudo, poderá fazer o que quiser. Nada é estático. Tudo é movimento. E tudo esta desmoronando. Esta é sua vida e ela acaba um minuto por vez."

"Aprenda a viver, descanse quando morrer. Tudo que você precisa está dentro de você."

AO SOM DE PIXIES, O CÂNTICO DOS CÂNTICOS...

DAVID FINCHER - FIGHT CLUB (CLUBE DA LUTA) - 1999

Perigoso... Filiado à ancestral tradição de obras que representam real ameaça ao centro do poder hegemônico, o trabalho de Fincher é realmente um filme perigoso. Caso de rótulo que identifica um medo, "Clube da Luta" é perigoso da pior maneira que uma obra de arte pode ser, pois desvela de forma contundente um dos pilares que sustenta alguns dos mais profundos valores da modernidade capitalista: o consumismo. E no final, não fica pedra sobre pedra...

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CENA DE CINEMA - EPISÓDIO 12

Eis aqui um dos grandes triunfos na direção de Sam Raimi em toda trilogia Evil Dead... A seqüência onde Ash, o descarado anti-herói da saga, decepa sua própria mão, que havia sido possuída por um demônio. E se já não bastassem os méritos da cena em si, este é o instante em que se inicia a construção de sua mais marcante identidade visual, onde a imponente e ameaçadora moto-serra toma o lugar de seu perdido membro. Magnífico exemplo de equilíbrio entre terror e humor...

sábado, 26 de dezembro de 2009

SAM RAIMI - THE EVIL DEAD: ARMY OF DARKNESS (UMA NOITE ALUCINANTE 3) - 1992

E assim, em tons heróicos, chegamos ao ato final da célebre trilogia idealizada pelo talento de Sam Raimi. Concebido a reboque da legião de fanáticos arrebanhada pelos dois filmes anteriores, o último episódio se inicia exatamente onde havia acabado o anterior, com nosso protagonista sendo tragado por um portal que o leva diretamente para a Idade Média. Daí, o que temos é uma grande piração criativa em torno dos mais consagrados códigos deste período tão vivo em nosso imaginário coletivo...

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OS ASTROS VIERAM CLAROS, CRISTALINOS - EPISÓDIO 4

A despeito de ser um dos grandes filmes dos anos 90, não há como negar que Traídos Pelo Desejo entrará para a história muito mais pela imensa polêmica causada pelo personagem de Jaye Davdison, do que por seus inegáveis méritos artísticos. Ator transformista, sua atuação como a "namorada" do soldado inglês que acaba seduzindo seu inimigo, um guerrilheiro do IRA, é arrebatadora. Sua primeira cena, cantando Crying Games do Boy George, já é um clássico absoluto..

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

NEIL JORDAN - MONA LISA - 1986

Um olhar delicado sobre aqueles que vivem à margem da lei dos homens. Eis um tema caro ao grande Neil Jordan. Poderoso emblema do mistério feminino, Mona Lisa simboliza aqui, o olhar de um gangster sobre o fascínio gerado por uma enigmática mulher. Duas vidas diversas, mas cruzadas e unidas pelo desterro que as identificam. A trajetória de um improvável protetor na luta para defender o resto de ternura que lhe sobrou no mundo.

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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

CENA DE CINEMA - EPISÓDIO 11

Mesmo datado ao olhar contemporâneo, o paradigmatismo de New Jack City se faz presente quando ampliamos a visão para tudo que surgiu ao seu redor. A temática das gangues que dominam os guetos de Nova York sem as caricaturas do “cinema branco” dos estúdios abriu espaço para que diretores saíssem dos guetos e contassem suas verdades em filmes que têm justamente em New Jack City sua primeira inspiração...

MARIO VAN PEEBLES - NEW JACK CITY - 1991

A ascensão de uma nova droga como símbolo máximo da falência do modo de vida de toda uma nação. Este é o combustível que move esta paradigmática obra que escancarou ao mundo, de forma brutal, as veias abertas do nascente neoriberalismo americano. A face obscura do triunfo do mercado na figura do traficante profissional. Um visceral Wesley Snipes em sua mais importante atuação...

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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

CENA DE CINEMA - EPISÓDIO 10

Clara manifestação da personalíssima apropriação artística de Coppola sobre sua fonte literária seminal, a cena final de seu Drácula guarda em si o resumo das intenções estéticas deste grande gênio do cinema moderno. Desfecho criado para dar fim à sua construção narrativa, a primorosa cena se estrutura como uma reconstrução explícita à seqüência que encerra "A Bela e a Fera" de Cocteau. E tal como seu protagonista, Coppola desafia o tempo em nome do amor. Amor ao cinema...

FRANCIS FORD COPPOLA - BRAM STOKER'S DRACULA (DRÁCULA DE BRAM STOKER) - 1992

Quanto de uma obra de arte pertence ao autor? Do olhar de cada um, o que há de elementar em sua concepção? Caso de criatura maior que a obra, Coppola toma para si o Drácula de Stoker e o reinventa segundo a mais fina lógica do gato risonho de Carroll. Fundindo mito e literatura, o Drácula de Coppola renasce das páginas do livro na forma de um impactante poema visual expressionista. Negando a tecnologia por técnicas arcaicas de filmagem, Coppola nos dá uma prova de fé na arte cinematográfica através de um mito tão maior quanto o amor que o move ao longo do tempo e do espaço.

O BLOGGER ADVERTE: ESTA POSTAGEM É DEDICADA À "VAMPÍRICA MOCINHA DO ELOQUENTE VERBO"

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sábado, 12 de dezembro de 2009

PARA SER GRANDE, SÊ INTEIRO - EPISÓDIO 7

“A Mulher de Todos”, Sganzerla, 1969.

"Tive de fazer cinema fora da lei aqui em São Paulo porque quis dar um esforço total em direção ao filme brasileiro liberador, revolucionário também nas panorâmicas, na câmera fixa e nos cortes secos. O ponto de partida de nossos filmes deve ser a instabilidade do cinema, como também da nossa sociedade, da nossa estética, dos nossos amores e do nosso sono. Nesse país tudo é possível e por isso o filme pode explodir a qualquer momento."

“Cinema fora da lei”, 1968, manifesto escrito por Sganzerla.

ROGÉRIO SGANZERLA - NEM TUDO É VERDADE - 1986

Verdadeiro ou falso? A sentença é simples, mas a resposta é do tamanho do infinito para os gênios de Orson Welles e Rogério Sganzerla. Partindo do fato, a visita de Welles ao Brasil para filmar um documentário, Sganzerla volta ao passado para encontrar o presente de um país que teima em desafiar os limites de sua verdade. Daí, o que temos é um Welles alegórico, encarnado na pele de um Arrigo Barnabé a desfilar cinismo para a câmera sem limites de Sganzerla construir suas verdades submundanas.

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EIS AS ESTRELAS PALPITANTES - EPISÓDIO 3

Quantos encantos guardam a fronteira entre o México e os Estados Unidos? Não posso saber ao certo, mas por Robert Rodriguez desconfio serem tantos quantos mistérios... Transmutada em uma exuberante e sanguinária vampira, o novo amor do Mariachi surge novamente nas telas... Bela como nunca, não surge para se manter célebre ou viva. Surge para se tornar mito... E ainda que uma estaca tenha lhe fincado o peito, os homens para sempre clamarão: Satânico Pandemonium...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

ROBERT RODRIGUEZ - DESPERADO (A BALADA DO PISTOLEIRO) - 1995

Ressurgido das cinzas de sua emblemática primeira aparição, o misterioso Mariachi idealizado por Robert Rodriguez irrompe as portas de Hollywood, glamuroso, belo e sedento por vingança contra aqueles que tiraram a vida de sua namorada. E das lendas narradas pelos vadios de uma inóspita fronteira mexicana, torna-se a mais aterradora realidade para os inimigos que cruzam seu caminho na realização deste espetacular faroeste dos anos 90...

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CENA DE CINEMA - EPISÓDIO 9

Mais do que um filme de ação, “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” é um grande divertimento ao redor dos códigos consagrados pelos filmes de ação. Elemento central no gênero, a “cena do tiroteio” aqui ganha uma construção inesperada, onde mais importante que o seu desenrolar em si, que não é mostrado em nenhum momento, é a identificação e a demonstração das intenções dos personagens envolvidos na ação. A música, referência sarcástica ao grego que detona a contenda entre os dois grupos, apenas evidencia o tom burlesco da obra...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

GUY RITCHIE - LOCK, STOCK AND TWO SMOKING BARRELS (JOGOS, TRAPAÇAS E DOIS CANOS FUMEGANTES) - 1998

O delito: A concepção de um filme no ano de 1998;
O acusado: Um jovem diretor londrino intimamente marcado pelos dois primeiros filmes de Tarantino;
A acusação: Ser um mistão genérico entre "Cães de Aluguel" e "Pulp Fiction";
O defensor: Um jovem cinéfilo carioca intimamente marcado pelos dois primeiros filmes de Tarantino;
A defesa: Um dos melhores filmes da década de 90, ficando as críticas apenas aos saudosistas e ressentidos. Aos incapazes de vivenciar a roda da história. Aos condenados ao passado. Aos insensíveis à subjetividade de grande parte de uma geração. Aos que não perceberam que este era o filme a ser feito um dia...

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PELAS TRILHAS ONDE ANDEI - EPISÓDIO 10

Sabedor da função da música na construção da personalidade de um adolescente, Richard Linklater não mediu esforços para adquirir os direitos de utilização das canções que compõem a trilha sonora de "Jovens, Loucos e Rebeldes"... Prova maior disso está no fato de ter desistido de parte de seus lucros sobre o filme apenas para pagar a viagem sonora pelo universo de algumas das mais emblemáticas bandas dos anos 70, dando à obra a legitimidade temporal necessária aos objetivos narrativos do autor. Ironicamente, a canção que dá título ao filme, "Dazed and Confused", não coube em seu orçamento, tomando parte apenas como uma evocação implícita à vida dos personagens que aparecem ao longo da projeção...

domingo, 15 de novembro de 2009

RICHARD LINKLATER - DAZED AND CONFUSED (JOVENS, LOUCOS E REBELDES) - 1993

O último dia de aula em uma escola no estado do Texas. Um dia repleto de simbolismos, mas especialmente emblemático para a vida de dois grupos principais. O primeiro, aqueles que estão deixando o ensino médio. O segundo, aqueles que lá estão chegando. Entre estes dois grupos, um dia e uma noite repletos de códigos e celebrações iniciáticas que nas mãos de um diretor normal poderiam até dar um bom filme no estilo “Sessão da Tarde”, mas nas mãos do fantástico Richard Linklater apontam para os mais profundos significados contidos em cada ato de loucura e rebeldia mostrado ao longo da obra. Mais que um filme sobre jovens, um filme sobre a vida e o medo de não viver diante da inexorável passagem do tempo. O ano aqui é de 1976, mas os medos e os sonhos são atemporais.

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CENA DE CINEMA - EPISÓDIO 8

“Um Pistoleiro Chamado Papaco”, mais uma lendária produção da Boca do Lixo... Transgressor e antropofágico, o filme se apropria de diversos códigos e convenções do western-spaghetti, retrabalhando-os ao gosto e às necessidades da Boca. O resultado é uma espetacular seqüência de diálogos e situações que faria corar muita gente que se diz moderninha. Bissexual e amoral, o Papaco interpretado por Fernando Benini - o Papai Papudo (São cinco e sessenta!) do “Programa do Bozo” - é uma dos casos de maior equilíbrio e adequação da interpretação de um ator à estética de uma obra em todo o cinema brasileiro...

MARIO VAZ FILHO - A DAMA DE PAUS - 1989

A Boca do Lixo... O sonho de uma indústria de cinema independente e auto-sustentável. Tendo a pornochanchada como carro-chefe, dedicou-se também à inúmeros gêneros como o faroeste, o policial e o melodrama. Em sua fase final, abriu espaço para inacreditáveis filmes de sexo explícito. Desta última fase vem este filme com Débora Muniz - a maior diva do sexo da Boca - e José Mojica (o Zé do Caixão) interpretando um pastor evangélico bêbado.

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sábado, 14 de novembro de 2009

OS ASTROS VIERAM CLAROS, CRISTALINOS - EPISÓDIO 3

Quer prova maior da qualidade da adaptação postada abaixo do que a escolha de Ben Kingsley para interpretar o bufão Feste? Figuras essenciais na construção narrativa de boa parte da obra shakespeareana, Feste representa o bufão já desprovido do arquétipo do palhaço. Ainda um bufão, mas em processo de transição para a figura do louco satírico, arquétipo que viria a evoluir posteriormente para a figura do trágico Hamlet. Mais um show de interpretação do eterno Mahatma Gandhi..

TREVOR NUNN - TWELFTH NIGHT (NOITE DE REIS) - 1996

Da célebre comédia shakespeareana, eis aqui um raro caso de sucesso na adaptação de uma obra teatral para a linguagem da sétima arte. Recheado com um elenco de estrelas do peso de Helena Bonham Carter, Richard E. Grant, Nigel Hawthorne e Bem Kingsley, comandados por um antigo diretor da prestigiosa Royal Shakespeare Company, este belo “Noite de Reis” dribla com maestria todas as armadilhas existentes para nos dar um grande filme, reverente e ao mesmo tempo independente em relação ao texto original...

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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

CENA DE CINEMA - EPISÓDIO 7

O caminho do homem justo está bloqueado por todos os lados pelas iniqüidades dos egoístas e a tirania dos perversos. Bendito aquele que, em nome da caridade e da boa vontade, é pastor dos humildes pelo vale das sombras. Pois ele é o verdadeiro guardião de seus irmãos e o salvador dos filhos perdidos. Exercerei vingança terrível e furiosos castigos aos que tentarem destruir meus irmãos. E ficarão sabendo que eu sou o Senhor quando Eu executar sobre eles minha vingança.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

QUENTIN TARANTINO - PULP FICTION (TEMPO DE VIOLÊNCIA) - 1994

Um dos filmes mais revolucionários da história, “Pulp Fiction” caiu como uma bomba atômica sobre a subjetividade de grande parte dos jovens criados sob o signo da cultura pop hegemônica do mundo pós-moderno. Transfigurando o “lixo raso e massificante” de cada dia em grande arte em estado lapidar, a cultura ocidental jamais seria a mesma depois desta avalanche de criatividade que se abateu sobre ela...

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PARA SER GRANDE, SÊ INTEIRO - EPISÓDIO 6

Vindo da Alemanha, mais um excelente filme gay... Seguindo caminho diverso daquele desenhado pelo personagem principal do filme anterior, em “Sommersturm” o tema não é a chocante e escandalosa evidenciação de um homossexualismo precoce, mas a sua negação e gradual descoberta por parte de um adolescente já em vias de entrar na vida adulta. Um filme sobre o tênue limite entre o afeto e a atração. Vejam...

domingo, 25 de outubro de 2009

ALAIN BERLINER - MA VIE EN ROSE (MINHA VIDA EM COR-DE-ROSA) - 1998

Um mundo em rosa... Um abrigo à torturante intolerância da vida real. Assim Ludovic, um menino que não se enxerga como tal, constrói seu universo de sonho e cor. Metido em seu vestidinho rosa, transborda repúdio por onde passa. O eterno medo à diferença... Talvez a grande barreira a ser vencida pela humanidade, que não enxerga o encanto por trás do incompreensível. Mais um grande filme com temática gay...

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sábado, 17 de outubro de 2009

PARA SER GRANDE, SÊ INTEIRO - EPISÓDIO 5

E a trilha é a da América não oficial... Sem as cores e a maquiagem das campanhas publicitárias. Da policia sem lei e ordem. De paisagens imundas, gélidas, sombrias. Dos que não existem aos olhos do Estado. Do Estado que não existe ao segundo olhar. Do genial e transgressor talento de Jim Jarmusch e de sua eterna trupe formada por Tom Waits, John Lurie e Roberto Benigni. De um filme-ícone do cinema independente dos anos 80...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

SPIKE LEE - DO THE RIGHT THING (FAÇA A COISA CERTA) - 1989

Fazer a coisa certa... No darwiniano mundo da “seleção natural” dos mais fortes, esta é uma questão das mais complexas para os que estão na parte de baixo da “cadeia evolutiva”. O clima é de um provocativo jogo moral. O resultado é o mais explosivo filme de Spike Lee, onde uma simples escolha pode tornar um dia banal em uma furiosa experiência reveladora de alguns dos mais profundos ódios e preconceitos existentes em toda sociedade americana...

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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

PELAS TRILHAS ONDE ANDEI - EPISÓDIO 9

Depois de tão longa ausência, chegou a hora do mítico anjo wenderiano dar passagem para alguma existência não tão celestial... E para marcar a nova fase que se inicia neste meu amado cabaret cinematográfico, mas também para afastar completamente qualquer risco de interdição por parte da ala baiana da querida diretoria do blog ao lado, nada mais justo que homenageá-la trazendo Lou Reed, o sagrado arcanjo dos subterrâneos de Nova York, um dos grandes artífices da cultura pop alternativa tal qual nós conhecemos nos dias atuais...

sábado, 1 de agosto de 2009

WIN WENDERS - IN WEITER FERNE, SO NAH! (TÃO LONGE, TÃO PERTO) - 1993

CASSIEL:
“Vocês... Vocês a quem amamos. Vocês não nos vêem. Vocês não nos ouvem. Vocês nos imaginam tão longe, no entanto, estamos tão perto. Somos os mensageiros que aproximam os que estão longe. Somos os mensageiros que trazem luz aos que estão nas trevas. Somos os mensageiros que trazem a palavra aos que perguntam. Não somos a luz, nem a mensagem. Somos os mensageiros. A mensagem é o amor. Nós não somos nada. Vocês... São tudo pra nós. Deixem-nos morar nos seus olhos para que vejam o mundo por meio de nós. Recuperem, por meio de nós aquele olhar terno de volta. Então... Estaremos perto de vocês. E vocês... Perto Dele."

Download (parte 1):

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Download (parte 2):

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terça-feira, 28 de julho de 2009

PARA SER GRANDE, SÊ INTEIRO - EPISÓDIO 4

Outro célebre membro do grupo de artistas citados na postagem anterior, Michel Gondry deu ao mundo uma das mais românticas histórias do recém nascido século XXI... Amparado por mais um primoroso e inusitado roteiro de Charlie Kaufman, em “Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças” o que temos é a desconstrução de todos os consagrados signos da comédia romântica, que aqui são retrabalhados e resignificados à luz de uma profunda e emocionante reflexão sobre o amor. Filme-ensaio, nesta obra o amor não é um elemento final e terminado, mas algo, assim como a narrativa da obra, em eterna construção/desconstrução, com altíssimo poder de destruição, mas essencial à vida de todos nós...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

SPIKE JONZE - BEING JOHN MALKOVICH (QUERO SER JOHN MALKOVICH) - 1999

Surrealista exercício de linguagem que me deu o prazer de ter o primeiro contato com a genialidade do roteirista Charlie Kaufman e do cineasta Spike Jonze, dois dos mais iminentes nomes do grupo responsável pela revitalização do cinema independente americano ao final do século XX e início do século XXI. Partindo de uma premissa absolutamente original, a descoberta de uma passagem para a mente do ator John Malkovich no andar sete e meio de um prédio qualquer, o filme trabalha a questão da identidade, ou de sua completa perda, em nome de uma crescente necessidade de exposição pública como única ferramenta de satisfação pessoal, usando como elemento central a possibilidade de ser por míseros 15 minutos o célebre ator citado no título...

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PELAS TRILHAS ONDE ANDEI - EPISÓDIO 8

Das mais interessantes diretoras da atualidade, foi de Sofia Coppola o mais fascinante painel cinematográfico traçado sobre a decadência da nobreza e de seu exuberante e alienado modo de vida realizado nos últimos tempos. Falo de “Maria Antonieta”, obra de forte teor simbolista que usa a figura da homônima rainha da França como signo da ilusão pop e consumista de nossa cada vez mais maleável e descartável pós-modernidade. Nesta bela e intrigante sobreposição de universos aparentemente tão distantes, cumpre importante papel de fio condutor a trilha sonora que mescla arias de ópera do século XVIII com canções pós-punk/indie-rock do século XX e XXI. Tudo com muito estilo e sensibilidade...

domingo, 26 de julho de 2009

NICHOLAS HYTNER - THE MADNESS OF KING GEORGE (AS LOUCURAS DO REI GEORGE) - 1994

Um delicioso e bem humorado passeio pela loucura e pelo poder encarnado na emblemática figura do rei George III, monarca britânico eternamente marcado pela perda das colônias inglesas no novo mundo... Uma magnífica reconstrução artística de um período terrivelmente traumático para o orgulho imperial da corrupta e venal corte da Inglaterra, onde a obscura doença mental desenvolvida pelo seu rei se tornaria símbolo de um império decadente e autodestrutivo em seus delírios de grandeza perpétua. Uma leve, porem sagaz, reflexão acerca da decadência moral e política sobre a qual inexoravelmente todo império acaba se debruçando. Assistam...

Download (som original, em inglês, sem legendas):

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CENA DE CINEMA - EPISÓDIO 6

Depois de um mês de ausência forçada por motivos profissionais, chegou a hora de recomeçar. Muita coisa aconteceu neste período. Ou melhor, muita coisa não aconteceu. Eu grosseiramente não respondi aos sempre doces comentários da querida Dani, não atendi às metas de produtividade do sempre exigente baiano daquele blog ao lado e, principalmente, deixei de realizar a sempre agradável atividade de atualizar este espaço. Mas isto é passado... E como não podia deixar de ser, iniciarei esta nova etapa de onde havia parado. Dos vampiros. E da cena inspiradora do título do filme de nossa última postagem. Uma entre muitas cenas que diferenciam um filme legal como “Crepúsculo” de um filme f... como “Deixe Ela Entrar”...

domingo, 14 de junho de 2009

TOMAS ALFREDSON - LÅT DEN RÄTTE KOMMA IN (DEIXE ELA ENTRAR) - 2007

Definir esta jóia sueca como um filme de vampiros seria um terrível reducionismo. Nada contra os filmes de vampiros, dos quais eu sou fã, mas “Deixe Ela Entrar” é muito mais um filme sobre a descoberta do amor do que qualquer outra coisa. O fascínio natural do vampiro trabalhado à luz das curiosidades e inquietações adolescentes representadas a partir da delicada relação entre o inusitado jovem casal, traz um universo sempre associado ao domínio do fantástico à uma esfera íntima e humana absolutamente fascinantes. O vampirismo aqui é a diferença que instiga e seduz todo adolescente inseguro e deslocado em sua busca por um espelho para si. É esta diferença que atrai Oskar para Eli. Mas sua segurança é também sua maldição. Pois “são demais os perigos desta vida para quem tem paixão”...

Download (legendas em inglês):

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http://www.mediafire.com/?jkntwyuytay
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sábado, 13 de junho de 2009

PELAS TRILHAS ONDE ANDEI - EPISÓDIO 7

Certas obras transcendem seu gosto pessoal, tomando a força parte em nosso imaginário... Eu que afirmei abaixo não ser fã de 007 tenho em minha memória as aberturas pontuadas pelas trilhas que nos eram apresentadas durante os créditos iniciais. Não as assisti no cinema, mas a televisão me deu a possibilidade de perceber o apuro que se tinha com este momento, uma das grandes marcas registradas em todos os seus filmes. Por lá passaram obras como “Gold Finger”, “Live Or Let Die” e “Nobody Does It Better”. Esta última, trilha de “O Espião Que Me Amava”, ganhou uma linda versão do Radiohead. A maior banda da atualidade louvando o filme que contava com Bárbara Bach, a mulher do baterista da maior banda de todos os tempos como Bondgirl. Curiosa relação...

sexta-feira, 12 de junho de 2009

LEWIS GILBERT - 007-THE SPY WHO LOVED ME (O ESPIÃO QUE ME AMAVA) - 1977

DESABAFO: Acabei de assistir ao último filme da série 007 e não me contive em fazer aqui meu pequeno protesto. Nunca gostei de 007, mas mesmo sabendo e deixando bem claro não gostar nem um pouco do papel simbólico representado pelo célebre espião britânico no período da Guerra Fria, como cinéfilo eu sei reconhecer que 007 também representa um dos grandes ícones da história do cinema. 007 tomou as telonas para servir Sua Majestade contra os soviéticos. Sem Guerra Fria não há 007. Ele não habita o século XXI. 007 nem mesmo seria capaz de usar camisinha para transar com uma mulher!! Quanto mais lutar contra ameaças terroristas... Com vocês, “O Espião Que Me Amava”. Porque o resto... O resto não passa de enganação...

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PELAS TRILHAS ONDE ANDEI - EPISÓDIO 6

Como bem lembrou o Picareta Indie em seu comentário a cerca de “O Corvo” na última postagem, além de todos os méritos cinematográficos, a obra de Alex Proyas também ficou profundamente marcada pela magnífica trilha sonora que tão perfeitamente se associa ao filme. Banda ícone dos anos 80 e 90, Robert Smith e seus rapazes tomam justa parte nesta trilha, pois praticamente tornaram-se sinônimo da estética gótica que marca intensamente a obra em questão. Com suas vestes negras e seu rosto pintado, o próprio vingador gótico renascido dos mortos que o protagoniza poderia muito bem integrar o “The Cure”. Por este motivo, mais do que qualquer outra, não poderiam ficar de fora desta saga. Abaixo, a cura para todos os males de Eric Draven. Vejam...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

ALEX PROYAS - THE CROW (O CORVO) - 1994

Assim como o “Batman” de Tim Burton, “O Corvo”, realizado algum tempo depois, representou uma busca mais elaborada pela transposição do universo de uma história em quadrinhos para uma determinada linguagem cinematográfica. De enredo soturno e violento, o filme foi um grande êxito de realização cinematográfica, construindo uma narrativa bela e instigante que soube manter vivos todos os elementos e referenciais que permeiam a obra onde se baseou o filme. A estética gótica repleta de sombras expressionistas se completa brilhantemente com a vigorosa e intensa interpretação do protagonista vivido por Brandon Lee, um vingador renascido da tumba por obra de um ser místico sob a forma de um corvo. Filme de culto, marcado por mistérios e uma grande tragédia na vida real...

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