PELAS TRILHAS ONDE ANDEI - EPISÓDIO 15

Imagine there's no Heaven/It's easy if you try/No hell below us/Above us only sky/Imagine all the people/Living for today/Imagine there's no countries/It isn't hard to do/Nothing to kill or die for/And no religion too/Imagine all the people/Living life in peace/You may say that I'm a dreamer/But I'm not the only one/I hope someday you'll join us/And the world will be as one/Imagine no possessions/I wonder if you can/No need for greed or hunger/A brotherhood of man/Imagine all the people/Sharing all the world/You may say that I'm a dreamer/But I'm not the only one/I hope someday you'll join us/And the world will live as one/

ROLLAND JOFFÉ - THE KILLING FIELDS (OS GRITOS DO SILÊNCIO) - 1984

Certos filmes possuem a capacidade de tocar uma pessoa ainda que esta, a principio, não tenha a capacidade de compreende-los. Pois minha relação com "Os Gritos do Silêncio" passa por esta questão. Descoberto em meus 12 anos, desde o primeiro olhar causou em mim impacto profundo. Mesmo sem saber do emaranhado político gerador de tamanha desumanidade, havia algo naquela obra que negava necessidades de grandes operações racionais ou objetivas. Habitando o domínio da subjetividade, dos sentimentos, este algo era a impactante interpretação de Haing Ngor, um colosso que, apenas por si, seria grande razão para se laurear esta obra com a eternidade...

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PARA SER GRANDE, SÊ INTEIRO - EPISÓDIO 10

Ainda completamente tomado pela beleza de "Onde Vivem os Monstros", estava com muita vontade de escrever sobre Spike Jonze... Como já havia disponibilizado "Quero Ser John Malkovich" e como ainda estou degustando e digerindo todo o universo de "Onde Vivem os Monstros", sobrou para os lados de "Adaptação", um ousado retrato de um artista quando bloqueado. Não pela forma, mas sim pela audácia em costurar uma ilusão magistral, a ousadia do filme reside na maneira como assume seu convencionalismo. Jogando o tempo todo com o público, "Adaptação" é puro encanto e ilusão hollywoodiana. Velhas armas, roupagem moderninha...

BRIAN DE PALMA - SNAKE EYES (OLHOS DE SERPENTE) - 1998

Virtuosístico exercício estético acerca do poder da imagem no mundo contemporâneo. Dos simulacros, das zombeteiras realidades inventadas que nos cerca e regula. Da sagração da tecnologia como arma redentora de nossas fraquezas. A imagem, Deus maior de nossa condição pós-moderna. Tornada onipresente pelo advento da tela, é nela, apenas nela, que habita a verdade, uma colcha com retalhos de pequenas mentiras e grandes desimportâncias ao olhar de cada um. Um filme sobre nosso tempo. Herdeiro autêntico da tradição do mestre Brian De Palma...

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CENA DE CINEMA - EPISÓDIO 18

Não sei se é apenas estereótipo, mas o fato é que países nórdicos são glorificados em boa parte do imaginário masculino por seu vanguardismo no trato da questão sexual. Loiras peitudas à parte, coincidentemente ou não, é comum aos filmes gays da área, tratarem a descoberta da homossexualidade de maneira completamente diversa da forma como tratam a maioria de seus pares latinos ou anglo-saxônicos. No lugar do conflito e do choque, prevalece um desconcertante naturalismo que encanta em grande medida pelo estranhamento causado. Fascinante...

ROELAND KERBOSCH - VOOR EEN VERLOREN SOLDAAT (PARA UM SOLDADO PERDIDO) - 1992

Angustiante e emotivo, narra as memórias da amizade amorosa de um bailarino holandês, então aos 12 anos, com um jovem soldado canadense durante a II Guerra Mundial. Dotado de envolvente delicadeza, tal qual num teatro de sombras, prefere a sugestão à afirmação, como quem protegesse a intimidade de uma relação que poderia ser compreendida apenas em meio ao caos. Acima de tudo, um filme de guerra. Ou melhor, um filme sobre as diferentes formas de se sobreviver às cruezas de uma guerra...

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CENA DE CINEMA - EPISÓDIO 17

Exceção à uma quase inexorável regra, a sequencia de Gremlins conseguiu ir ainda mais além que o original. Abusando da metalinguagem, em Gremlins II Joe Dante escapa com brilhantismo de todas as armadilhas deste tão banalizado recurso, tornando-o uma ousada arma que permeia toda sua narrativa. Destilando acidez e humor negro, politicamente incorreto e absolutamente original, Gremlins II nos presenteia com cenas pra lá de marcantes. Escolher uma seria difícil, mas aquela em que os monstrinhos invadem o cinema, destroem o rolo de filme que está sendo projetado e o substitui por um filme erótico das antigas é inesquecível.

JOE DANTE - GREMLINS - 1984

Por onde andará toda inquietude adolescente? Perdida em meio à anestesiantes linguagens que sugam boa parte de sua energia criativa, percebo, triste, um imaginário jovem cada vez mais complacente e cúmplice dos cínicos valores do mundo adulto. Ícone da cultura pop oitentista, Gremlins representa o extremo oposto deste triste diagnóstico contemporâneo. Dos mais transgressores exercícios artísticos surgidos no interior da indústria jovem hegemônica, os adoráveis mogwais e seus perversos duplos, os terríveis Gremlins, subvertem e desvelam sob a forma de irreverência e escarnio toda crueza existente por trás do american way of life. Falando diretamente aos jovens de sua época, foi e ainda é um sopro de rebeldia e criatividade deliciosamente atemporais...

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CENA DE CINEMA - EPISÓDIO 16

Eu dou porrada em nome do senhor! Com esta frase o padre kickboxer emoldura sua antológica sequencia de luta contra os punks zumbis no cemitério. Isto é apenas uma pequena amostra do porquê de Fome Animal ter alçado Peter Jackson ao panteão dos grandes ícones do trash universal. Junta-se ao padre, além do macaco-rato da sumatra, o bebê e a sogra zumbi e, é claro, o inesquecível intestino vaidoso, que não resiste à uma olhadela no espelho antes de devorar suas vítimas. Absolutamente imperdivel! Abaixo, a despeito da caretisse na tradução, podemos ver nosso padre em ação. Satisfação garantida ou seu estômago de volta...

PETER JACKSON - BRAINDEAD (FOME ANIMAL) - 1992

Face obscura do artífice do "Senhor dos Anéis", este filme é o ponto culminante da carreira trash de Peter Jackson. Inspirando-se em tudo de mais mórbido e miserável que já havia sido feito até então no gênero, o cineasta não teve o menor pudor em criar as maiores esquisitices e repugnâncias para narrar todo tipo de infortúnio que pode se abater sobre aqueles que ousam cruzar o caminho da mais temível besta do mundo selvagem: o macaco-rato da sumatra...

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PARA SER GRANDE, SÊ INTEIRO - EPISÓDIO 9

Falando em animação, descobri esta fofa adaptação infantil para Romeu e Julieta. Aqui, os jovens amantes de Verona são personificados por focas, daquelas que se movem aos quiques e se comunicam emitindo um estranho e característico ruído. Integrante de projetos importantes, como Fievel e Roger Rabbit, o talentoso animador Phil Nibbelink é um árduo defensor das técnicas tradicionais de animação. Produzido de forma independente e autoral, esta obra sela uma nova etapa em sua carreira...

JON ACEVSKI - FREDDIE AS F.R.O-7 (FREDDIE, O SAPO SECRETO) - 1992

Demorou 50 filmes para eu perceber que este querido cabaret cinematográfico ainda não havia aberto espaço para qualquer tipo de animação. Filmes houveram dos mais diversos tipos, lugares e estilos. Faltava ao menos um representante deste gênero tão presente no imaginário daqueles que amam, como eu, o mundo do cinema. Esta divertida animação inglesa reinventa com graça e competência a fábula do príncipe tornado sapo, fundindo-a ao universo de 007. Na voz do sapo príncipe/espião, a luxuosa presença de Ben Kingsley.

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PELAS TRILHAS ONDE ANDEI - EPISÓDIO 14

Já ouvimos aqui o prelúdio que abre a tetralogia de Wagner. Em Nosferatu, ele retorna adquirindo nova feição. Tornando violação em transcendência, para Herzog, buscar Drácula significa libertar-se completamente das amarras da realidade. Vemos Jonathan caminhar em vão na busca pelo conde. A atmosfera muda e uma densa bruma toma a cena até o percebermos em intrigante contemplação. Tem inicio o prelúdio. Acordes e brumas, signos da passagem à dimensão dos sonhos. Morada eterna do fantasma da noite.

WERNER HERZOG - NOSFERATU, PHANTOM DER NACHT (NOSFERATU, O FANTASMA DA NOITE) - 1979

Mais que um vampiro, o Drácula de Herzog nos aparece como um espectro. Uma torturada assombração sedenta de amor, inexplicavelmente ligado à Lucy, celestial jovem que busca no desvario a satisfação perdida em seu casamento. É o elo místico entre os dois personagens e a aparente loucura de Lucy que conduzem a trama, trazendo Drácula em uma doentia e macabra viagem, como quem rompe a barreira dos sonhos em direção ao mundo real, o mundo dos sãos. O mundo ao qual ainda pertence Lucy.

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PELAS TRILHAS ONDE ANDEI - EPISÓDIO 13

Transgredindo limites que separam vida real e fantasia , Bela Lugosi não morreu. Não morreu e nunca morrerá, pois vampiros não morrem jamais. Mais que a obra literária original, a lenda em torno de drácula tem em sua criação o marco principal. Atravessando os anos com força e vitalidade, sua imagem é o máximo símbolo inspirador para todo um modo de cultura. Ponto de partida dos que enxergam no vampirismo uma poderosa forma de expressão artística, assim começa Fome de Viver: Bela Lugosi’s Dead!

TONY SCOTT - THE HUNGER (FOME DE VIVER) - 1983

A atmosfera exala sangue. Os sinais são claros, tudo está em seu devido lugar. É um filme de vampiros... Mas algo pulsa em compasso diferente. Cinema de sensações, insinuante ao extremo, não vemos um único vampiro em cena. Mirian e John, um obscuro casal envolto em uma soturna e sofisticada atmosfera. Desmedidamente sedutores, eles têm fome. Uma extravagante fome de vida, plena de erotismo e pulsão sexual. Algo diferente acontece e uma beldade cruza seus caminhos. Assim nasce um clássico gótico dos anos 80.

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CENA DE CINEMA - EPISÓDIO 15

Inspirador. Motivado pela linda seqüência do homem negro, de aspecto popular, que se senta ao piano e executa Debussy em Alma Corsária, lembrei-me desta marcante cena em Elefante. Síntese desta intrigante obra de Gus Van Sant, mostra-nos, a partir da revelação da mais profunda intimidade do quarto de Alex, que as razões que movem um assassino podem ser muito mais profundas que alguns consagrados signos reducionistas da brutalidade de nosso tempo. Delicadeza e violência são partes integrantes da vida de qualquer adolescente. Games e armas são apenas detalhes...

CARLOS REICHENBACH - ALMA CORSÁRIA - 1993

A face culta da Boca do Lixo. É desse aparente desacordo elementar que se alimenta este belo e vigoroso filme de Carlos Reichenbach. Desprezando o distanciamento elitista com que o cinema culto tradicionalmente reverencia o povo, Alma Corsária é uma anárquica alegoria de um ideal de sociedade que subsiste apenas em devaneio utópico. Grande arte e povo fundidos sob o teto de uma mítica Pastelaria Espiritual, locus ideal para o delírio poético que toma a narrativa. Ponto de encontro e sagração de toda sorte de degredados que inundam as ruas de uma obscura e poética São Paulo. Onírico retrato de uma época que nunca existiu.

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OS ASTROS VIERAM CLAROS, CRISTALINOS - EPISÓDIO 5

Dos mais emblemáticos nomes do revolucionário movimento conhecido por Nova Hollywood, Al Pacino tomou parte em obras-primas do cinema como O Podereoso Chefão, Serpico, Um Dia de Cão e Scarface. E para homenagear este verdadeiro mito, trazemos aqui um de seus mais populares trabalhos em toda sua carreira. Não necessariamente o melhor, pois é uma obra menor em sua filmografia. Típico caso de filme que se sustenta unicamente pela atuação de seu astro principal, apresenta-nos um mais que perfeito Al Pacino em uma mais do que inesquecível interpretação...

LEWIS GILBERT - SHIRLEY VALENTINE - 1989

Como o blog estava vivendo uma fase de extrema violência, dando vazão aos seus instintos mais selvagens, decidi-me por fazer uma breve pausa na fúria nossa de cada dia. O objetivo é lançar outros olhares ao sempre amado mundo da sétima arte. Foi então que lembrei-me de Shirley Valentine e sua rica e reveladora viagem pela Grécia. Filme adorável e delicado, que nos conquista aos poucos, até nos seduzir por completo ao final.

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