Uma deliciosa blasfêmia que narra a satírica e subversiva saga de Brian, o contemporâneo recém-nascido de uma certa criança chamada Jesus... Anárquicos como sempre e policiados como nunca, o segundo longa-metragem do célebre grupo humorístico “Monty Python” nasceu alvo de uma impressionante polêmica desde a fase de produção até a sua posterior exibição ao público. Quase inviabilizado, o projeto seguiu alheio ao terremoto que pulsava ao seu redor gerado como uma provocativa obra baseada na zombaria aos dogmas judaico-cristãos consolidados tanto pelas convicções religiosas, quanto pelas conveniências políticas que as sobrepuseram. Um divino e obrigatório milagre de realização artística... Vejam!!!
“Eu vi coisas que os humanos não acreditariam. Naves de ataque em chamas nas encostas de Orion. Eu vi raios C na escuridão do portal Tanhauser. Todos estes momentos ficarão perdidos no tempo... Como lágrimas na chuva. Hora de morrer”. Eis as palavras finais do transgressor líder dos replicantes que se rebelam contra a humanidade em uma distante colônia da Terra na imensidão do espaço sideral... O epílogo da titânica cruzada em busca da humanidade perdida em cada gen concebido artificialmente pelo gênio e tecnologia humanas... A inglória luta contra o tempo e a inexorável proximidade do fim... A busca pela consciência de quem somos e de onde viemos... O terror e o medo se transmutando em êxtase pela compreensão da morte como o fim do sofrimento que é viver...
Vai lá... Eu sei que este espaço é principalmente reservado à filmes menos divulgados ou conhecidos, mas como a paixão pela sétima arte é a sua mais importante força motriz, desta vez vou abrir caminho para uma das mais clássicas obras da história do cinema. “Blade Runner” não é um filme qualquer. É uma obra deslumbrante e visionária que transcende qualquer tentativa de definição sobre o gênero ao qual efetivamente pertença, tamanha as possibilidades oferecidas por sua narrativa cinematográfica. Um primeiro olhar nos forçaria a vê-lo como uma ficção científica por excelência. Apenas um primeiro olhar, pois a atmosfera soturna e nebulosa, assim como a narrativa intrincada, nos evidencia diversos signos típicos de um filme noir. Tudo isto mergulhado em uma auto-destrutiva pós-modernidade tecnicista. Obra atualíssima...
Já que o momento por aqui é dela, apenas mais alguns elementos para ratificar tudo aquilo afirmado na postagem anterior... Apresentada ao mundo como a namorada (e futura esposa de Tom Cruise), foi pelas mãos do talentoso Gus Van Sant que Nicole Kidman se desvencilhou definitivamente dessa imagem que levantou muita suspeita e desconfiança por um bom período de sua carreira. Em “Um Sonho Sem Limites”, Nicole Kidman tomou conta da cena em um elenco recheado de gente que esbanjava talento por todos os lados. Era a atuação que faltava para calar a boca dos mais céticos em relação ao seu talento. Apesar de cinematograficamente menos ambicioso que “Drugstore Cowboys” e “Garotos de Programa”, a zombeteira e ácida narrativa da trajetória de uma inescrupulosa e incompetente repórter em busca de sucesso profissional torna o filme uma sempre boa indicação. Vejam o trailer...
Tudo bem... Eu poderia perfeitamente começar este texto afirmando ser “Terror a Bordo” um dos melhores thrilleres de suspense dos anos 80 e que por este motivo havia sido escolhido para esta postagem. Poderia... Entretanto, tenho de confessar que o real motivo da importância obtida por este filme para mim é o fato de ter sido ele o responsável pela minha primeira visão de uma certa ruivinha de cabelos encaracolados que se tornaria, tempos e filmes depois, uma das maiores divas do cinema internacional nas últimas décadas. Esta ruivinha é Nicole Kidman, a deslumbrante e magnífica atriz australiana que figura no raro e exclusivíssimo panteão de estrelas que comandam as rédeas de sua carreira e conseguem circular livremente entre o grande cinema comercial e o circuito cinematográfico alternativo. Privilégio para poucos. “Terror a Bordo” foi seu aflitivo e asfixiante cartão de visitas ao mundo. Privilégio nosso...
A seqüência inicial ao som de “Killing Moon” é apenas um indicativo do que está por vir em “Donnie Darko”. Este é um perfeito exemplo de filme onde a trilha sonora, mais do que ilustrar e pontuar determinadas situações do enredo cumpre função efetivamente dramática dentro do desenvolvimento da trama. Além de nos transportar diretamente para os anos 80, as canções integrantes desta trilha dialogam profundamente com as cenas que compõem, dando à elas enorme relevância para a total compreensão da obra. A maior prova disso é a antológica seqüência final ao som de “Mad World”, sucesso do “Tears For Fears”, na soturna e melancólica versão de Gary Jules. Esta é a última e mais preciosa peça do intrincado quebra-cabeças citado na postagem anterior, de modo que isolada não representa nada para quem não viu o filme. Assistam sem problemas...
Uma jornada oitentista que se inicia ao som de “Killing Moon” do “Echo & The Bunnymen”... É nesta atmosfera que um adolescente encontra em sua suposta esquizofrenia paranóica o despertar da consciência crítica a cerca da lógica paralisante que permeia os valores de nossa sociedade. Guiado, então, pelas aterradoras visões e comandos de um apocalíptico e profético coelho humanóide, o personagem título inicia sua saga pelos anunciados últimos 28 dias da humanidade. A partir daí, o que vemos é um complexo quebra-cabeças espaço-temporal, onde delírio e realidade se fundem completamente. “Donnie Darko” foi um contundente fracasso de bilheteria alçado a objeto de culto por conta de sua labiríntica narrativa que desafia a qualquer um que ouse o assistir. Vejam...