Definir esta jóia sueca como um filme de vampiros seria um terrível reducionismo. Nada contra os filmes de vampiros, dos quais eu sou fã, mas “Deixe Ela Entrar” é muito mais um filme sobre a descoberta do amor do que qualquer outra coisa. O fascínio natural do vampiro trabalhado à luz das curiosidades e inquietações adolescentes representadas a partir da delicada relação entre o inusitado jovem casal, traz um universo sempre associado ao domínio do fantástico à uma esfera íntima e humana absolutamente fascinantes. O vampirismo aqui é a diferença que instiga e seduz todo adolescente inseguro e deslocado em sua busca por um espelho para si. É esta diferença que atrai Oskar para Eli. Mas sua segurança é também sua maldição. Pois “são demais os perigos desta vida para quem tem paixão”...
Certas obras transcendem seu gosto pessoal, tomando a força parte em nosso imaginário... Eu que afirmei abaixo não ser fã de 007 tenho em minha memória as aberturas pontuadas pelas trilhas que nos eram apresentadas durante os créditos iniciais. Não as assisti no cinema, mas a televisão me deu a possibilidade de perceber o apuro que se tinha com este momento, uma das grandes marcas registradas em todos os seus filmes. Por lá passaram obras como “Gold Finger”, “Live Or Let Die” e “Nobody Does It Better”. Esta última, trilha de “O Espião Que Me Amava”, ganhou uma linda versão do Radiohead. A maior banda da atualidade louvando o filme que contava com Bárbara Bach, a mulher do baterista da maior banda de todos os tempos como Bondgirl. Curiosa relação...
DESABAFO: Acabei de assistir ao último filme da série 007 e não me contive em fazer aqui meu pequeno protesto. Nunca gostei de 007, mas mesmo sabendo e deixando bem claro não gostar nem um pouco do papel simbólico representado pelo célebre espião britânico no período da Guerra Fria, como cinéfilo eu sei reconhecer que 007 também representa um dos grandes ícones da história do cinema. 007 tomou as telonas para servir Sua Majestade contra os soviéticos. Sem Guerra Fria não há 007. Ele não habita o século XXI. 007 nem mesmo seria capaz de usar camisinha para transar com uma mulher!! Quanto mais lutar contra ameaças terroristas... Com vocês, “O Espião Que Me Amava”. Porque o resto... O resto não passa de enganação...
Como bem lembrou o Picareta Indie em seu comentário a cerca de “O Corvo” na última postagem, além de todos os méritos cinematográficos, a obra de Alex Proyas também ficou profundamente marcada pela magnífica trilha sonora que tão perfeitamente se associa ao filme. Banda ícone dos anos 80 e 90, Robert Smith e seus rapazes tomam justa parte nesta trilha, pois praticamente tornaram-se sinônimo da estética gótica que marca intensamente a obra em questão. Com suas vestes negras e seu rosto pintado, o próprio vingador gótico renascido dos mortos que o protagoniza poderia muito bem integrar o “The Cure”. Por este motivo, mais do que qualquer outra, não poderiam ficar de fora desta saga. Abaixo, a cura para todos os males de Eric Draven. Vejam...
Assim como o “Batman” de Tim Burton, “O Corvo”, realizado algum tempo depois, representou uma busca mais elaborada pela transposição do universo de uma história em quadrinhos para uma determinada linguagem cinematográfica. De enredo soturno e violento, o filme foi um grande êxito de realização cinematográfica, construindo uma narrativa bela e instigante que soube manter vivos todos os elementos e referenciais que permeiam a obra onde se baseou o filme. A estética gótica repleta de sombras expressionistas se completa brilhantemente com a vigorosa e intensa interpretação do protagonista vivido por Brandon Lee, um vingador renascido da tumba por obra de um ser místico sob a forma de um corvo. Filme de culto, marcado por mistérios e uma grande tragédia na vida real...
Esta preciosidade havia sido anteriormente postada por mim nos Picaretas, mas devido à dimensão da cena, nada mais justo que ela voltasse em triunfo para abrilhantar nossa seção dedicada aos grandes momentos da arte cinematográfica... E ainda surfando a onda do inesquecível “Monty Python”, não poderia chegar à arrebentação sem dar justo e merecido destaque ao doce e felpudo coelhinho que protagoniza uma das mais sangrentas batalhas medievais retratadas pela sétima arte. Não por acaso a versão pelúcia desta coisinha fofa foi considerado um ideal de presente natalino dentro do universo Picareta... Das cenas de “Em Busca do Cálice Sagrado” para a eternidade! Um legítimo ícone do desbunde e da transgressão dos anos 70...